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Matéria Escura (e vias lácteas)

Poesia erótica

Sua pele preta

matéria escura 

fragancia noturna na imensidão 

suspensas por gotículas de suor 

e feromônios 

corpos celestes incandescentes:

jazz 

.

a distância entre átomos 

planetas 

galáxias 

desafia a gravidade, inércia 

e outras leis  elementares 

ao exigir em tempos pandêmicos

distância daquilo que nos atrai 


nem cheguei a te tocar 

ainda… 

apenas 

a menção 

ao meu corpo fálico

acariciando as pétalas pulsantes 

de sua intimidade 

sarracênica 

sarra

cênicas

pelvis 

que involuntariamente

sarra 

dobras espaço-temporais 

enquanto imagina-se sendo sarrada

em voluptuosas colisões… 

.

Melanina

cor do universo; 

pele preta! 

e eu,

mero cometa 

sedento pelo céu 

da sua boca, 

orbitando

 seus lábios fartos 

escuros

molhados 

salivando sob minha perna 

enquanto mordes meu pescoço

e me leva às lua…

poros abertos ao calor do atrito 

estratosférico… 

vasos dilatam ao toque estelar  

pulsante

quasares,

quânticos

cânticos

funk!!!!!!!

.

Vc sente me toque? 

chego a sentir você sentando… 

emaranhando entrelaçadamente 

sob os núcleos atômicos do prazer;

orifícios porosos em inundação 

ao menor estímulo

dedos quentes 

percorrendo 

teclas frias  

carícias nebulosas 

movimentos celestes cíclicos

contrações involuntárias

vai e vem ascendente 

num piscar de Hórus 

big-crush, big-bang 


transações não circulares

espirais…

razões espino-cerebelares 

lutas dialéticas entre sujeito e objeto 

o eu querendo se anular no outro

 se fundir 

foder 

gostoso

desejo 

desejo-te

objeto das fantasias mais imorais 

publicamente indizíveis 

confessadas por sussurros putos ao pé do ouvido 

ou palavrões politicamente incorretos 

expressos por

dialetos gemidos 

querer irresistível de retorno ao estagio original

fissura de fusão 

.

quero dengar-te

toda, 

dengo!

possuir cada centímetro do seu  ser 

percorrer o seu corpo com a minha língua 

como raios do sol

ativando a sua melanina… 

fazer-te objeto, enquanto cê deixa 

ser objeto de suas loucuras

enquanto cê pede pra eu te usar…

.

Não quero que sejas minha 

apenas

conduzir-te 

ou ser conduzido 

por sua pegada 

de quebradinha (no sigilo)

ou num palco voyeur 

de uma webcan…

.

Me dá, pretinha!

Me me bole

me engole 

enquanto te como, 

me envolve 

devolve 

quem come é vc! 

sujeitando-me 

voluntariamente 

ao controle penetrante 

do seu olhar… 

.

E eu, fálico 

imenso 

tão pequeno diante de ti

objeto dessa volúpia

anseio 

pelo momento exato do clímax 

a suspensão  mortal  da hierarquia,

em um temporário gozo recíproco

daqueles que deixam os chakras vermelhos 

formigando no corpo pelo resto do dia…

.

mas se não for possível 

gingar assim

ao mesmo tempo

ou nesse tempo

(confinados) 

repitamos essa dança cósmica

indefinitivamente

até que o sol e a terra, a lua, 

saturno e os carai

se alinhem  novamente

anulando temporariamente 

a sua gravidade 

e o espaço tempo

inundando  

o centro e o horizonte de eventos

do buraco negro

com vias lácteas, 

quentes, viscosas e densas  

sensações

no centro das galáxias!

.

Deivison Nkosi, 16 de julho de 2020, da quarentena!

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