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A CIÊNCIA, A FÉ E O ERRO DE EINSTEN: Sobre a Deusa preta da Verdade e a fotografia do buraco Negro

É verdade que o conhecimento científico também exige uma certa crença… 
Por Deivison Faustino (Nkosi)

Deusa Ma’at: a verdade é uma Deusa Preta
 
Você observa que as galáxias estão se afastando: calcula a posição e a direção de cada uma no espaço observável e refaz o caminho retrospectivamente (com base em todo conhecimento físico que obtemos), concluindo que um dia toda essa matéria esteve concentrada em UNICO PONTO. Aplica-se a essa informação o fato (observado por Newton) de que a gravidade faz com que os corpos se atraiam mutuamente, e depois de se aproximar, conforme a massa, vão ficando tão juntinhos, mas tão juntinhos, que até o volume diminui (quanto maior a massa maior a sua gravidade). Conclui-se a partir daí que esse único ponto  que continha toda a matéria do universo era infinitamente pequeno (menor que a cabeça de um alfinete). Por alguma razão que ainda não foi explicada, em algum momento (ou em nenhum, pq até o Tempo estava comprimido nesse minúsculo e infinitamente pesado ponto) ele “explode'”(embora didático, os físicos afirmam que o termo explosão não é o mais adequado) e os elementos ali contidos se espalham, chocano-se, fundindo-se e criando aos poucos novas formas das matérias que hoje compõem o universo em expansão e que hoje estudamos na tabela periódica. Vem daí a teoria do Big Bang… e depois do Big Crunsh (não, não é Crush, mas o sentido é parecido, pq a gente se atrai s2).
 
Tem que ter uma certa nos cálculos observáveis e em sua capacidade de generalização para acreditar em determinadas teorias. No nosso caso (moderno), enquanto avança a consciência a respeito desse movimento histórico do mundo, um físico Alemão retoma a teoria da gravidade de Newton e a eleva a um novo patamar mostrando, a partir de complexas equações, que a gravidade não apenas aproxima os corpos mais os distorce a medida em que os aproxima, a depender da quantidade de massa e energia que possuam. A Relatividade Geral é a teoria da distorção do espaço e o do tempo. E o Einstein prova isso a partir de equações que eu só não explico aqui, porque eu simplesmente, não entendo nada… rsrs mas tenho convicções! É preciso de um pouco de fé, na ciência rsrs…

A gravidade na Relatividade Geral de Einstein
Essas equações do físico alemão foram a base para a hipótese de buracos negros. Porque se a massa de um objeto é proporcional à sua gravidade, e por isso distorce proporcionalmente o espaço tempo a sua volta… uma imensa quantidade de massa cria também uma gravidade imensa que, a partir de determinado ponto, suga não apenas aquilo que está a sua volta, mas, sobretudo, a si mesma… inclusive a luz… rasgando o espaço tempo de uma forma que ainda não somos capazes de explicar. Nasce aí a teoria dos Buracos Negros.

Buraco negro
Mas a ciência exige um quantidade de fé e o Einstein, herege da maior proporção, ao observar os resultados de seus próprios cálculos não acreditou. Ele não acreditava  que pudessem existir buracos negros, e contra essa ideia maluca (olha, que fita!!!), chegou a escrever um artigo contestando a hipótese.
 
Não há ciência sem fé, mas o que  faz a primeira tão interessante – e nisso ela lembra a antiga crença kemética (egípcia) na Deusa Ma’at, a divindade da Verdade – é a capacidade de se rever a partir do momento em que surgem novas descobertas…  Como pesava o ensinamento egípcio, a Verdade deve estar acima de tudo, inclusive da crença. E se por um acaso, as informações (que conseguimos obter até aquele momento) mostrarem que a nossa fé estava errada… não é pecado ter a humildade de rever as posições.
 
Em Ma’at, a Verdade deve estar acima das crenças, mas não as substituem ou as invalidam. Essa posição presente no Antigo Egito (KMT) fez (somadas à necessidade racista de mostrar a Europa como o local mais desenvolvido do globo terrestre) com que os historiadores modernos da filosofia não incluísse essa região nos manuais de história da filosofia. Aprendemos que o “milagre grego” (aquilo que permitiu a filosofia surgir) foi justamente o fato deste povo separar fé e razão. Essa separação ajuda explicar o trato hostil da Igreja Cristã européia com alguns de seus melhores cérebros como Giordano Bruno, Nicolai Copernico, Galileu e tantos outros.

Simulação feita com os cálculos de Einstein X fotografia real do Buraco Negro
 
O desafio para nós, ocidentais (ou não-ocidentais ocidentalizados = o que dá no mesmo) que repetimos a 500 anos que ciência e fé são coisas distintas, é conseguir fazer o que, provavelmente, Einstein faria diante das informações hoje disponíveis (tenho convicções mas não posso provar rs): teria  a humildade de reavaliar a própria crença a partir das evidências que a vida (mas também as pesquisas) nos oferecem. Exatamente o contrário do que está fazendo o nosso Governo que ao se deparar com dados crescentes de desigualdades e injustiça no Brasil (a febre) ou de análises técnicas e teóricas que discordem de seus pressupostos (o diagnóstico)  , opta por quebrar o termômetro  e os profissionais que o manuseiam (desmontando  e criminalizando o IBGE e as universidades públicas).
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A Verdade é uma Deusa preta, subversiva demais para ser aceita por pessoas fracas e de pouca convicção, inclusive na sua própria fé… e por isso, precisa ser, mais uma vez, queimada na fogueira.  Felizmente, na física, nada se perde, e  ela, a Verdade, mesmo esmagada pelas grandes mãos do poder, sempre dá um jeitinho de escapar pelos poros infinitamente imensos  da nossa própria existência: 

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