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OS SIGNIFICADOS DE SER UM(A) INTELECTUAL NEGRO(A)

UMA DISCUSSÃO ACERCA DO QUE SIGNIFICA SER UM(A) INTELECTUAL NEGRO(A)
Entrevistadores: Fernando Baldraia (FU-Berlin/Mecila) e Marcello Felisberto Morais de Assunção (DLCV-USP)
Entrevistados: Adélia Mathias, Muryatan Barbosa, Natasha A. Kelly, Deivison Mendes Faustino, Uhuru Phalafala e Marcus Vinicius Rosa

Entrevista à Revista de Teoria da História, sobre “OS SIGNIFICADOS DE SER UM(A) INTELECTUAL NEGRO(A)”

Deivison Faustino (Nkosi)

1- O QUE SIGNIFICA SER UM INTELECTUAL NEGRO?
Para responder essa pergunta eu acho que vale a pena colocar em discussão duas grandes matrizes gnosiológicas: uma é a tradição greco-romana, aquela que marca identitariamente a sociedade ocidental; e a outra tradição, que chamo aqui de kemético-kongo-yorubá, que marca algumas tradições africanas. No século passado Cheikh Anta Diop tratou essas tradições como berços civilizatórios historicamente distintos.
Na tradição greco-romana o intelectual é alguém, antes de mais nada, distante da realidade sensível. Essa particularidade cosmogônica tem uma origem histórica determinada: um modo de produção escravista onde quem transformava a realidade objetiva eram os escravos. Então a transformação, a prática e a própria experiência sensível eram vistas sempre com muita desconfiança. Em Platão, por exemplo, a verdade estava no “mundo das ideias” e mesmo Aristóteles que via a música como possibilidade de engrandecimento do espírito, recomendava apenas a sua contemplação, jamais o manejo de instrumentos, que devia ser obra de seres inferiores (escravos). Diop sugere que na Grécia escravista o kemético mito de Osiris decai, cindindo-se em partes agora vistas como antagônicas: Apolo (razão) e Dionísio (emoção), destituindo a primeira parte dos elementos que compõem o segundo, mas elegendo-a como superior. Essa forma castrada de pensar a razão marca a maneira pelo qual o ocidente pensa o intelecto e o “intelectual”. Na origem do termo intelectual tá uma ideia de que o intelectual é aquele que se dedica a atividade teórica e essa atividade tá separada da atividade sensível, da prática sensível.
Quando a gente olha outras para sociedades, por exemplo, as sociedades africanas (lembrando que existem várias tradições africanas) a gente tem uma ideia que a produção intelectual está sempre implicada com a práxis, seja pela transformação (ou diálogo) direta da natureza seja no diálogo ou tentativa de interferir no sobrenatural. A própria noção de espiritual é sempre relacionada ao natural e vice-versa. O fato é que a produção intelectual é quase sempre implicada naquilo que está além do próprio pensar. Isso marca um jeito de produzir conhecimento diferente do que vai ser a sociedade ocidental, como a gente a conhece. O problema é que graças ao capitalismo – e Fanon nos lembra que capitalismo é inseparável do colonialismo – a gente tem uma universalização dos pressupostos europeus pro resto do mundo. Isso significa que, a partir daí, quando a gente pensa intelectual, a gente pensa com uma lente europeia (mesmo que tenha havido intelectuais europeus que questionaram isso). Nossa ideia de “intelectual” é eurocentrada.
Para piorar, homens e mulheres negras aparecem nesse mito ocidental de humano como “não humanos”, como seres ainda presos ao corpo/sensível/natureza ou à sua biografia… e nessa episteme castrada, o corpo não pensa! Se a gente tomar como exemplo uma Carolina Maria de Jesus, até hoje as pessoas a citam como uma negra e favelada. No caso de Frantz Fanon ainda o tratam como um nervoso, revoltado ou perturbado por problemas edípicos. Isso se repete com muitos autores negros e reflete uma visão colonial, porque ignora as suas singularidades estéticas ou teóricas em detrimento de uma pretensa natureza ou reificação insuperável. Se nesta mitologia castrada (ocidental) o corpo/natureza/sensível é apenas objeto de um pretenso sujeito que lhe é exterior, o negro (encerrado no corpo, escravo de uma natureza ainda não superada) nunca é visto como sujeito.
Diante disso, como ser reconhecido como intelectual, quando não se é um homem branco cis que escreve em inglês ou francês? O humanismo iluminista teve o mérito de colocar a questão do humano genérico universal, mas ignorou que numa sociedade de classe estruturado a partir do colonialismo a noção de universalidade é sempre branca e burguesa. Se o branco aparece como expressão universal de humanidade, o negro não aparece quando a gente pensa o humano. Então, o desafio para pensar o que é ser um intelectual negro é, de um lado, ser negro quando o universal abstrato – essa ideia, essa caricatura de humanidade que o Iluminismo criou e que nos marca – nos despersonalisa, invisibiliza ou nos embraquece. Ser intelectual negro é afirmar essa negritude no momento em que o significante “universal” está em jogo, mas acaba ocultando uma branquitude disfarçada, que não é universal de fato. Neste contexto, é necessário afirmar a negritude. Mas, ao mesmo tempo, ser intelectual negro é ser inegociavelmente humano – ou seja, afirmando, se apropriando e disputando as noções de humanidade genérica – quando a raça é o único elemento que nos define e quando não se espera nada de nós a não ser a nossa “negrura”. Esse é o momento de transgredir a própria raça e afirmar a nossa humanidade e se ver como parte dela toda, permitindo-nos apropriar do mundo todo, que também é nosso. E acho que esse é um desafio ainda a ser superado pela maioria dos intelectuais “negros”

2- COMO VOCÊ VÊ O SIGNIFICANTE NEGRO QUANDO O ASSUNTO EM DEBATE É A ESCRITA DA HISTÓRIA?
Do ponto de vista que eu parto, que é fanoniano mas também é lukácsiano, uma coisa é a História em si, a história humana; e outra coisa é a história enquanto escrita da História. Porque a História é objetiva e causal, mas a escrita da História é subjetiva. Pensar a História é pensar o movimento prático-sensível da humanidade no tempo e no espaço; e esse movimento é causal e objetivo, embora ele seja mediado por um conjunto de subjetividades e intersubjetividades em relação numa dada época. Mas ainda assim a História é causal.
Do ponto de vista da História aquilo que vem a se chamar de negro está na base do desenvolvimento humano. Não estou falando da escrita da história, mas da História em si. Antes do significante negro, o negro estava no centro da História humana: a humanidade começa no continente africano, todas as pesquisas arqueológicas evidenciam isso e todos os grandes saltos civilizatórios de que temos notícias foram feitos por pessoas que hoje seriam consideradas negras (dentro ou fora da África). Então, só o racismo explica nós pensarmos a história da humanidade sem o negro; só o racismo explica a gente só contar a história do negro a partir da escravidão, quando, na verdade, o negro, ou aquilo que o branco fez chamar de negro, está na base de sua própria gênese.
Agora, a escrita ocidental da história é marcada por essa negação, que é, em última instância, colonial. Então, pensar o significante negro na escrita da História implica, em primeiro lugar, romper com a colonialidade que ainda atravessa as diversas áreas de conhecimento, onde se inclui a história. A ruptura com essa colonialidade do saber nos permite perceber que aquilo que chamamos “negro” está no centro da História e compõe a humanidade genérica-universal tanto no passado como no presente.

3- VOCÊ ACREDITA ESTARMOS VIVENDO UM MOMENTO DE PROFUNDA CRISE EPISTEMOLÓGICA DECORRENTE DO FATO DE QUE A EUROPA, COMO DIZ ACHILLE MBEMBE, “DEIXOU DE SER O CENTRO DE GRAVIDADE DO MUNDO”? SE ESSE É, COMO ELE ARGUMENTA, “O GRANDE ACONTECIMENTO, A EXPERIÊNCIA FUNDAMENTAL DE NOSSA ÉPOCA”, COMO AVALIAR A RELAÇÃO ENTRE O CHAMADO “RACISMO ESTRUTURAL” E O SABER ACADÊMICO?
Tenho muitas dúvidas se a Europa deixou de ser o centro de gravidade do mundo. Existem vertentes teóricas que apontam para uma pós-colonialidade, pós- estrutura, ou pós-modernidade que tem como centro o de-centramento da Europa, mas de fato, até essas epistemes foram geradas no centro da própria Europa ou do ocidente e dependem dessa correlação hierarquizante de forças para seguirem circulando com legitimidade pelo “resto” do globo. Embora questionem corretamente a centralidade do ocidente, gozam do privilégio de terem sido produzidas em inglês a partir das grandes universidades da Inglaterra ou dos EUA. Outras críticas tão ou mais vigorosas produzidas na Bolívia, Irã ou Brasil não encontraram as mesmas possibilidades de difusão. Mas não é apenas a geografia que explica esse privilégio, mas o fato de circularem como alternativa ao anticolonialismo anticapitalista (seja pan-africanista ou pan-arabista, seja nas vertentes humanistas e marxistas dos nacionalismos árabes, africanos, latino-americanos, etc.).
Do ponto de vista econômico a Europa e o Estados Unidos (que é uma Europa piorada ou o ápice do ocidente) ainda estão no centro. É fato que a China ameaça a hegemonia do imperialismo estadunidense. Há uma disputa entre EUA, China e Rússia que explica a geopolítica mundial mas pensar as epistemes contemporâneas é olha-las, observa-las no contexto geopolítico mais amplo, porque a episteme é só reflexo de uma disputa muito mais ampla. Ao mesmo tempo, a gente está falando ainda dos marcos do Capital, que é uma relação de produção que se faz dominante a partir da Europa e ainda está presente em todos esses polos da disputa. Então não adianta ficar na episteme e ignorar as forças econômicas que atravessam e antropofagicizam a todas elas.
Se não fosse o capitalismo, talvez nem daríamos tanta importância para a Europa, porque se a gente olhar, por exemplo, a cultura persa, inca, malinke, indiana ou chinesa veremos que a Europa era a periferia do mundo antes do capitalismo.
O que quero dizer é que existem elementos econômicos que fazem com que determinadas regiões apareçam, ou melhor, sejam apresentadas ou impostas (e não propostas) como o centro do mundo em determinados momentos históricos. Há humanidade genérica em desenvolvimento onde estiver ser humano, mas o capitalismo coloca o ocidente no centro e assim seguimos até o momento. No entanto, não adianta trocar a Europa por outro polo geográfico ou cultural se o Capital continuar no centro da sociabilidade humana. E é isso que a gente perde de vista quando a gente só olha a episteme ou os berços civilizatórios. Por isso que Fanon nos avisava que o colonialismo não é só um confronto de civilizações, mas antes uma guerra comercial, uma disputa inclusive econômica. O confronto com saberes acadêmicos pautados por epistemes coloniais-capitalistas é fundamental, mas focar neles e esquecer as forças que os orientam e, sobretudo, abrir mão de um confronto prático-sensível que reestruture a sociedade em outros termos é reafirmar a Europa naquilo que de pior ela pegou ao mundo: um racionalismo idealista.

4- QUAIS INTELECTUAIS NEGROS VOCÊ CONSIDERA COMO FUNDAMENTAIS PARA ENTENDER O MUNDO?
Essa pergunta é bastante provocativa porque o mundo é muito grande e talvez, diante dessa grandeza, aquilo que a gente chama de “negro” não daria conta. Antes de qualquer coisa, a gente teria que se perguntar: o que é “negro”, afinal?
No final do século XX alguns(as) intelectuais oriundos(as) das antigas colônias britânicas foram obrigados pelas circunstâncias a se fazerem essa pergunta: quem pode ser considerado negro? O descendente de africano ou os indianos e seus descendentes presentes na Inglaterra? O que o negro, bisneto tardio do tráfico transatlântico de escravizados, teria a ver com o “africano” contemporâneo chegado na Inglaterra por diversos processos migratórios? No contexto brasileiro contemporâneo, sob o nada ortodoxo debate do colorismo, se questiona qual quantidade de melanina legitima alguém a ser considerado negro “de verdade”, fazendo com que intelectuais como Machado de Assis, Lima Barreto, Clóvis Moura – recém resgatados do limbo da pardalidade – pudessem ser barrados em alguns círculos pigmentocráticos afro- essencialistas.
O que estou querendo dizer de maneira provocativa aqui é que, de um ponto de vista da representatividade, é fundamental visibilizarmos autores negros, mas diante do desafio de entender o presente esse ponto de vista é limitado e pode nos fazer, paradoxalmente, eleger autores por aquilo que os generalizam (serem imprevistamente negros) e não por suas singularidade. Descolonizar o conhecimento (até onde é possível, sem uma ruptura concreta com a sociabilidade posta), desta forma, não é visibilizar o negro por ser negro, mas impedir que o racismo o invisibilize e nos prive do conhecimento singular de uma grande parte da humanidade.
Pensar (para transformar) o mundo contemporâneo é pensá-lo enquanto complexo de complexos e, como tal: sínteses de múltiplas determinações. Isto significa articular a dimensão econômica á simbólica, psíquica, cultural, etc., de forma a captar os nexos mais gerais que orientam a reprodução da sociedade enquanto tal… entender a relação entre capitalismo e racismo, cultura e política, desejo, subjetividade e alienação… e nesse esforço não dá para olhar só autores considerados negros.
Se por um lado o racismo invisibilisa autores negros, também é falso supor que o problema se resolve os visibilizando. Não dá para entender esse mundo que vivemos sem ler Karl Marx, George Lukács ou István Mészáros… Gostemos deles ou não, sendo eles eurocêntricos ou não. Por outro lado, o racismo é tão intenso, inclusive na esquerda, inclusive entre os pensadores progressistas, que muitos pensadores que propõe uma transformação social conseguem oferecer respostas para esse mundo sem pensar o próprio racismo como elemento importante, sem pensar na centralidade da questão racial e, sobretudo, invisibilizando um conjunto de pensadores que não são europeus, que não são brancos, que não escrevem em inglês ou que não estão em alguma grande universidade da Europa ou dos EUA.
Um intelectual fundamental para se entender a sociedade contemporânea é o Frantz Fanon. Eu venho falando dele, apresentando sua obra, situando-o dentro de um contexto mais amplo. O mesmo se pode dizer de bell hooks e Sueli Carneiro, pensadoras fundamentais para gente entender o quanto o processo colonial, que é econômico, mas também é simbólico, subjetivo e discursivo, marca nosso afeto. Está última, vem chamando a atenção para o contexto atual onde o racismo brasileiro tende a sair do armário. Lélia Gonzalez vai mostrar o quanto a experiência colonial latino-americana tem particularidades que a gente não encontra nem na África. Ela, portanto, pensa saídas que implicam considerar não só a própria dimensão latina da colonização da América, mas pensar o quanto essa colonização deixou escapar elementos africanos que marcam nosso jeito de ser. Clóvis Moura é outro, que embora não passe no crivo pigmentocrático da nossa geração, dedicou a vida a desvendar as particularidade do capitalismo brasileiro, evidenciando a centralidade do racismo para uma sociabilidade burguesa que não conseguiu sequer desenvolver uma democracia. Num recorte ainda mais recente, temos intelectuais como  Antonio José Do Espirito Santo que vem revisando os resquícios eugenistas presentes nos estudos sobre a cultura africana no Brasil; ou Weber Lopes Góes, que está pensando as permanências da eugenia no contexto contemporâneo e no quanto uma certa ideia de humano ainda marca a construção de políticas públicas e em pensadores como  Emiliano De Camargo David,  Clélia Prestes, Maria Lúcia da Silva, Marcio FariasMarcos Amaral, Maria Cristina Francisco e Jussara Dias que, a partir do Instituto Amma Psique e Negritude vem pensando a psicologia diante das relações raciais. Num outro polo, temos as importantes contribuições de Alex Ratts , Flávia Flavia Rios, Muryatan Barbosa e Petrônio Dominguess para a retomada de intelectuais e movimentos negros e Panafricanistas, assim como Renata GonçalvesCarla Akotirene Santos e Bergam Berg Pereira que vêm pensando as relações entre gênero, raça e classe. Mas se pensarmos a teoria a partir dela mesma, como potência transformadora, e não apenas contemplativa, temos intelectuais como Hamilton Borges Onirê , Onir AraujoDeise BeneditoJurema WerneckFernanda LopesJeane TavaresWalmir DamascenoKatuvangesci e tantos outros que estão, não apenas produzindo teoria a partir de experiências concretas de intervenção como têm buscado qualificar a atuação prática através da apropriação do conhecimento humano historicamente acumulado, a tão mal afamada práxis. O que eu gostaria de enfatizar é que qualquer lista, a esta altura, é arbitrária e revela mais “quem estou lendo” do que “quem precisa ser lido”, porque a quantidade de pesquisadores e ativistas negros produzindo teorias sobre os mais diversos temas é imensa. Basta visitar os anais dos encontros da Associação Brasileira de Pesquisadores e Pesquisadoras Negros/as para tomar conhecimento do expressivo volume e do fôlego da produção destes pesquisadores. 
Ainda assim, acho desnecessário – e equivocado – que em nome desta reparação teórica deixemos de ler autores brancos contemporâneos como Slavoj Zizek, Maria Rita Kehl, Boaventura Sousa Santos, entre outros. Hoje, mais do que nunca, a questão racial está no centro das questões mais gerais da sociedade contemporânea (capitalista), de modo que pensar a questão racial é pensar também a própria sociedade. E aqui temos um problema para resolver, porque o racismo implica um empobrecimento das respostas que uma certa esquerda ofereceu para a compreensão das contradições do próprio capitalismo. Por outro lado, se a esquerda (branca) não deu repostas para as questões raciais, o Clóvis Moura vai dizer, sejamos nós a esquerda.

UMA DISCUSSÃO ACERCA DO QUE SIGNIFICA SER UM(A) INTELECTUAL NEGRO(A). Revista de Teoria da História, Volume 19, Número 1, Junho/2018 com o título: 
Entrevistadores: Fernando Baldraia (FU-Berlin/Mecila) e Marcello Felisberto Morais de Assunção (DLCV-USP)
No documento há outras entrevistas (com as mesmas perguntas) a outres pesquisadores como : Adélia Mathias, Muryatan Barbosa, Natasha A. Kelly, Uhuru Phalafala e Marcus Vinicius Rosa
Entrevistadores: Fernando Baldraia (FU-Berlin/Mecila) e Marcello Felisberto Morais de Assunção (DLCV-USP)
No documento há outras entrevistas (com as mesmas perguntas) a outres pesquisadores como : Adélia Mathias, Muryatan Barbosa, Natasha A. Kelly, Uhuru Phalafala e Marcus Vinicius Rosa

Disponível na íntegra em: https://www.revistas.ufg.br/teoria/article/view/61899/34177

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