(para Frantz Fanon)
.
preenchido quase completamente por um sufocante vazio
quase
completo
sufocante
vazio…
.
entre o nada
e o finito
segurei o choro
e tentei
me proteger do frio…
.
nomeei
causas
inimigos
bandeiras…
responsabilizei o outro
me rastejei implorando pelo seu olhar
desci ao penúltimo piso dos verdadeiros infernos
não adiantou!
.
O vazio
permanecia
pleno
pesado
e vibrante
como átomos de urânio
em pleno orgástico ato sexual
confundindo fissura, fusão e fissão…
.
Explodi!!!
ou melhor,
implodi
e colidi
me dividindo
em núcleos menores
bário, criptônio…
até que não fosse possível mais
flutuar
em minha própria
tensão
superficial…
.
angustiado
ao descobrir
que os cacos de mim
não provocaram
necessariamente
as esperadas
reações em cadeia
nos encarceramentos da alma;
despenquei
traumaticamente
ao último círculo do inferno…
.
lá
sob o calor congelante de reações exotérmicas
esperando encarar a face invisível do cão
espanto-me…
ao me deparar
com um insuportável
e límpido
espelho…
Por Deivison Nkosi – quarentena
*Crédito da Imagem: Zuhri Akan