Hoje, 11 de maio (2019), completa-se um ano de lançamento do “Frantz Fanon: um revolucionário, particularmente negro”. Este livro, que caminha para a terceira impressão, me proporcionou muitas alegrias e a oportunidade de conhecer pessoas maravilhosas e comprometidas em várias partes do Brasil. Fizemos lançamentos (e debates calorosos) em locais como universidades, terreiros de candomblé, coletivos, bares, web-TVs, roda de samba, escolas, livrarias, museus, entre outros e ainda temos lançamentos agendados.
Em comemoração, publico aqui as duas primeiras devolutivas escritas que recebi após o lançamento. A primeira (transcrita integralmente abaixo) foi escrita por Felipe de Oliveira (Choco) um dia depois do lançamento (ele leu em um dia e enviou a resposta na madrugada do dia 12 para o dia 13 de maio). A segunda (disponível nesse link) foi escrita por Rafaela Maga a partir do lançamento na Escola Winnie Mandela, na Bahia.
SobreFrantz Fanon: um revolucionário, particularmente negro, lançado em 11/05/2018
Por Felipe Oliveira (Choco)
Lewis Gordon não forçou nota quando escreveu que “este texto maravilhoso é um presente de grande valor não só para o Brasil, mas também para todo o mundo lusófono”. Realmente ele preenche uma lacuna e certamente figurará como um divisor de águas para o estudo sobre as ideias de Fanon (Fanon Studies?) nas regiões de língua “portuguesa”. Pretendo não forçar nota também quando comparo você (Deivison Mendes Faustino), a partir desse livro, a um Carlos Nelson Coutinho (traduzindo Gramsci, introduzindo e desenvolvendo suas ideias no Brasil) e um Leandro Konder – entre outros – fazendo o mesmo com Lukács. Ambos autores brasileiros traduzindo a trajetória e ideias de indivíduos revolucionários em contextos que dialogam, apesar da matriz europeia dos primeiros.
Em tempos de polarizações histéricas e nem sempre proveitosas, defender um humanismo radicalem que ateste “a busca incessante de uma unidade maior que amplie a nossa humanidade para além de si mesma”, sem a vertigem das particularidades fechadas e nem dos universalismos abstratos, é um bom parâmetro e uma boa resposta. Aliás, “como dizia Fanon, a percepção e a afirmação de si não deve implicar o fechamento ao outro, mas o esforço constante para identificar os elementos que lhes são comuns” (p.127).
Por isso não me restam dúvidas que o lançamento desse livro é um marco. Possibilitará uma riqueza de interpretações de nossa realidade nacional, principalmente a particularmente negra.Já que um dos maiores méritos desse livro é apresentar não um mito, muito menos um mártir, mas um indivíduo que age sobre circunstâncias não escolhidas por ele próprio, e busca a partir da reflexão apurada respostas para os dilemas que a vida sempre nos apresenta. Respostas que, vale lembrar, envolvem os indivíduos sempre em relação a uma coletividade, ou particularidades e singularidades em relação ao universal.
Capítulos muito bem desenvolvidos e virtuosamente bem escolhidos. Demonstram domínio e maturidade intelectual na apresentação das passagens de vida do biografado, com uma prosa agradável, sem no entanto reduzir momentos complexos à saídas mecânicas, como se houvessem sempre uma única estratégia – “sem alternativas”. Os temas abordados e desenvolvidos por Fanon ganham força pela contextualização do período em que foram gestados. Maestria na relação entre indivíduo e sociedade sem deixar escapar as particularidades de espaço e tempo. Da criança que toma a frente dos primeiros socorros ao amigo, passando pelo adolescente que junto ao irmão jogava futebol com “um time da região”, ao jovem que vai à guerra e nos momentos limites “se descobre”, ao adulto “pai ausente” como o seu próprio, psiquiatra de profissão, revolucionário internacionalista, particularmente negro.
Só tenho a agradecer por todo seu esforço!
Felipe Oliveira (Choco)
13/05/2018
IMAGENS DE ALGUNS LANÇAMENTOS
O livro segue disponível no site da editora
Uma resposta em “Aniversário de lançamento: “Frantz Fanon: um revolucionário, particularmente negro””
[…] Mendes Faustino, que também é autor de Frantz Fanon: um revolucionário particularmente negro (2018) apresenta em “A disputa em torno de Fanon”, uma análise exegética dos textos fanonianos e uma […]