postado originalmente em 7 de junho de 2011 em: Introdução ao estudo das civilizações africanas
(O Slide acima não tem pretenção de esgotar o tema, muito menos falar por sí só. Mas pode ser apropriado para fins pedagogicos)
O estudo sobre a África exige estarmos atentos às diversas distorções colonialistas que a historiografia ocidental reservou ao continente.
Contrariando as diversas distorções racistas criadas ao longo dos últimos séculos, o estudo aprofundado sobre a VERDADEIRA ÁFRICA desmente este olhar distorcido e revela a história dos verdadeiros ancestrais da humanidade, contribuintes ativos do desenvolvimento humano universal.
O Estudo da África não se limita a revisões referentes à história do africano e seus descendentes espalhados pelo mundo moderno, mas, sobretudo exige uma revisão de toda a história da humanidade. Se por um lado não poderíamos entender a nossa sociedade sem conceber o legado grego para a edificação da civilização ocidental, por outro lado não é possível entender a Grécia sem considerarmos a ativa influência egípcia nesta sociedade.
Ao contrário do que afirma(va) as ideologias racistas, os africanos contribuíram para o desenvolvimento humano universal, desenvolvendo inclusive técnicas e conhecimentos essenciais para aperfeiçoarmos a nossas forças produtivas.
Trazer este debate para o ensino público exige, sobretudo, não nos resumirmos a montar uma roda de capoeira no dia 20 de novembro, mas pelo contrário reconhecer a participação ativa dos africanos no desenvolvimento humano universal. A própria capoeira contém em si conhecimentos e signos profundamente ancorado na sabedoria ancestral (bantu) africana, conhecimentos estes que transcendem a dimensão lúdica de uma apresentação cultural pontual.
O desafio é imenso, ma existem ferramentas abundantes para oferecermos subsídios para um debate frutífero.
O vídeo abaixo (indicado por Vilma Neres) revela evidências de como a HISTÓRIA do continente Africano foi distorcida para dar sustentação ideológica ao colonialismo. Ao mesmo tempo, o documentário desmente a idéia de que a CIVILIZAÇÃO foi trazida ao continente pelos Europeus, mostrando diversos exemplos de riqueza social e desenvolvimento civilizatório no continente.
Mas não devemos cair em armadilhas saudosistas… A ideologia SANKOFA nos ensina a olhar o passado não para repeti-lo, mas para aprender com os erros e acertos de nossos ancestrais, desenvolvendo a nossa história ao “tirar poesia do futuro”!!!
É movido por problemas do presente que (re)visitamos a história dos africanos e de seus descendentes, buscando “recuperar” nossa humanidade “subtraída” pelos séculos de escravismo e racismo. O Racismo permanece vivo e atualizado pelo desenvolvimento das relações de produção capitalistas contemporâneas exigindo novamente que pensemos a história dos africanos e de seus descendentes articulada aos conflitos da humanidade como um todo.
Aprendem-se na Capoeira de Angola que somos nós os responsáveis por nossa história e que, portanto, frente às ofensivas da vida cabe a nós mesmos buscar a emancipação. Talvez seja esta a principal mensagem que a Lei 10.639/03 (ou 11.645/08) deve enfatizar ao olhar para o passado de glória das civilizações africanas: o fato de que este legado nos oferece subsídios para lutar no presente em busca de um futuro melhor.
Deivison Nkosi – Professor de História da África