Prelúdio em dó maior
Houve um dia,
a poesia,
narcisista e vazia
decidiu que agrediria, a esmo…
a quem vesse primeiro
no entanto,
impossibilitada de notar
outrem qualquer além de si
violentou-se em frente ao espelho
O que se ouviu nos arredores, então, foram as seguintes palavras:
1º ato
Esta noite eu queria trazer uma poesia
mas não consegui…
tipo, sem inspiração/
Eu queria declamar uma poesia
Mas palavras engasgavam feito espinho na garganta
A sutilidade poética
parecia patética, frente à crua realidade…
verdade!
Eu queria fazer uma poesia,
Mas… Seria até ironia, em meio a tanta covardia
acreditar em palavras
tombando o exército da ignorância
Eu queria muito fazer uma poesia
Mas senhoras e senhores, eu já ouço rumores de que a vida precisa muito mais!
Palavras não seriam suficientes para tornar consciente a dolorosa corrente indolor da mental escravidão
Neste mundo onde o amor é um escândalo;
Os verdadeiros Vândalos… sugam-nos-sagram, o fruto do trabalho:
A mente, o carinho e o caralho,
Tudo vendável – na banquinha da decepção ///
2º ato
Passei a noite pensando, precisamos mesmo é de poesia?
Já declamaram o novo dia, cantaram a revolução… o brasil já foi 5 X campeão
Mas as mãos ainda carregam livres-correntes
e como uma arara a venda numa gaiolinha pequena cantam eu nem sei por quê
Eu preferia memo era fazer uma poesia,
mas no fundo eu sabia, que mesmo a revelia,
a inocência só se liberta com a morte
Da opressão /// então…
Embrulhei as poesias num pedra e taquei com força nos vermes (gambé)
Parei de me ajoelhar ao deus – Mercado
E descobri que Pecado – é passar fome p trocar todo mês de celular
É ficar na covardia de fazer poesia – e quando acabar o sarau não mover uma palha p vida melhorar
3º ato
Definitivamente! Eu cansei de poesias
Trago o grito entalado na goela
A rebeldia da cinderela, a greve do catador de latinha/
Proponho O amor de corpos pretos, dedos toques uivos, crespos
A pantera preta que desperta e devora os “cochinhas” (gambé)
Infelizmente a poesia não mais me satisfaz…
Desculpe a sinceridade anti-poética mais
“amar e mudar as coisas me interessa mais” (tris)
Por Deivison Nkosi – 2013