artigo originalmente publicado em https://kamugere.wordpress.com/2014/04/21/sobre-claudias-e-adelaides-se-uma-piada-e-so-uma-piada-porque-nao-rimos-do-tombo-da-propria-mae/
Por: Deivison Mendes Faustino (Deivison Nkosi)[1]
“Muito engraçado a bandida sendo arrastada. Lembrei do camarada fazendo isso com um cachorro esses tempos atras…kkkkkkkkkkkkkkkkkkk”[2].
“Atenção, não é a intenção do site formar aqui atitudes preconceituosas e nem ser preconceituoso. São apenas piadas, assim como existe sobre loiras, machismo, portugueses, japoneses, gordos, gagos, bêbados, entre outros temas.[3]”
No dia 16 de março de 2014, um caso desastroso toma conta dos noticiários: policiais militares sobem o morro para mais uma incursão bélica na Região de Madureira, na cidade do Rio de Janeiro, e durante a incursão atingem gravemente a uma mulher e dois jovens. Ao perceber se tratar de uma mulher de meia idade – perfil tipológico de difícil enquadramento nos estereótipos reservados aos jovens vitimados por policiais nos morros – os policiais pegam a mulher ferida e jogam no porta-malas da viatura policial. A pesar do protesto de familiares e vizinhos, seguem em alta velocidade pelas ruas de Madureira num caminho que segundo os moradores da Região não é o mais rápido para o Pronto-Socorro… durante o trajeto, como ocorre num filme antigo de comédia, o porta-malas da viatura se abre deixando a vítima cair no asfalto como um saco de batatas, e como se não bastasse, a sua roupa se enrosca no para-choques traseiro da viatura, enquanto a viatura policial a arrastou por 350 metros, dilacerando sua carne no asfalto.
Seria cômico se não fosse um ser humano ou alguma forma de vida que não merecesse o nosso sentimento de alteridade: uma outra coisa ontologicamente distinta de nós o suficiente para não despertar em nenhum momento a pergunta: e se fosse a minha mãe? Entretanto, ao assistir ao vídeo em um site de notícias, um internauta – provavelmente sem saber de quem se tratava, mas de porte das informações recorrentemente veiculadas a cerca das incursões policiais nos morros cariocas – escreve: “Muito engraçado a bandida sendo arrastada. Lembrei do camarada fazendo isso com um cachorro esses tempos atras…kkkkkkkkkkkkkkkkkkk” (Sic). Num contexto completamente distinto, vemos uma frase escrita logo abaixo da barra de menude um site de piadas avisando que as anedotas contidas na página “piada de preto” não tem intensão de formar “atitudes preconceituosas e nem ser preconceituoso”, pois se trata apenas de piadas “assim como existe sobre loiras, machismo, portugueses, japoneses, gordos, gagos, bêbados, entre outros temas”.
A reflexão sobre esses dois comentários nos levantam as seguintes perguntas: Existe riso inocente? Pode um simples riso recriminado com o mesmo status político de um tapa na cara ou um tiro? Supondo que sim, que o riso assuma dimensões políticas, a busca por uma convivência solidária entre os seres humanos justificaria a sua interdição? Existem temas sob o qual não se deve rir? Ou o riso tem licença poética para ignorar ou transgredir (auto)censuras impostas pelas diversas coerções sócio individuais que se colocam a frente daquilo que realmente desejamos, sentimos e pensamos? Não seria forçar a barra, trazer a reflexão sobre o riso para o campo político, atribuindo-lhe causas e consequências sociais?
Em um texto intitulado Ensaio sobre a significação do cômico, Henri Bergson (2004) afirma que o riso é sempre um dado social. Independente de suas reações fisiológicas, há que se entender que é apenas em sociedade que ele surge e é possível. O riso para ele assume a dimensão de uma sanção social, na medida em que apenas o que é considerado um desvio ou uma coisa negativa pode ser ridicularizado. O cômico é sempre o que foge a ordem e isso significa que o riso é uma punição social que visa, em ultima instância reestabelecer a ordem social.
Pressupõe-se neste sentido que a pessoa alvo do riso ficará envergonhada e voltará à ordem normal. Não é a mudança brusca da ordem que causa o riso, mas o involuntário da mudança: tropeçar, por exemplo, é não conseguir acompanhar a fluidez da vida pela rigidez do seu corpo, como o tombo de alguém pulou do ônibus em movimento. A rigidez é socialmente suspeita e a deformidade (do corpo ou da mente), risível por que deforma a norma, desviando a nossa atenção para além daquilo que conhecemos. Rimos sempre de uma coisa que se parece humana, ou de uma pessoa que aparente ser outra coisa que não humana, e é neste aspecto a questão racial se torna relevante à nossa análise, pois nem sempre uma pessoa negra é considerada uma pessoa. Para o padrão eurocêntrico de ser humano, o Branco (europeu, ocidental) é a única expressão possível de homem e mulher e o Negro, por vezes é representado como se fosse uma pessoa branca, comicamente pintada de negra.
Em 1579 o médico francês Laurent Joubert vai escrever um tratado sobre o riso, sustentando essa sua dimensão eminentemente política (ALBERTI, 1995). Segundo ele, nós rimos antes de qualquer coisa, daquilo que é feio e impróprio e não merece compaixão. O ridículo é aquele que se torna alvo do riso dos outros. Para Elias (1993), o “processo civilizador” característico da modernidade destaca-se por sua busca de controle do corpo e ridicularização daqueles sujeitos que “não conseguiam se controlar”. O indivíduo que não se controlava ou aparenta estar fora dos critérios de controle socialmente descritos, será alvo de uma distinção hierarquizada que o desvaloriza diante dos outros, ridicularizando-se.
O ato de ridicularizar alguém, seja pelas normas de etiquetas ou por outros atributos socialmente desvalorizados, vai assumindo na modernidade a mesma importância que os embates físicos e podiam ter como consequência a exclusão social da pessoa alvo do riso. Aquele que fosse ridicularizado poderia perder suas formas de sustento. Na França pré-revolução, por exemplo, o pecado não tem nenhum valor, mas a ridicularização poderia levar um indivíduo à morte.
Assim, a dimensão política do riso é destacada por autores diversos, como é o caso de George Minois (2003) quando nos explica em seu estudo sobre os Bobos da Corte que o seu papel era expressar verdades que ferem. O Bobo tinha autorização social para falar de forma risível aquilo que ninguém mais tinha coragem de dizer, alertando a corte de seus limites e equívocos, conformando-se numa figura bastante importante para a manutenção da ordem. A piada, ou outras formas de se fazer rir, aparecem aqui como uma forma de falar a verdade, ou pelo menos, de se falar o que se realmente pensa, e não pode ser dito.
É sempre de alguém ou de alguma coisa que rimos, e neste sentido, a piada aparece como um entre outros meios de se fazer rir. Em sua ultima peça, intitulada Doente imaginário (2003), Moliére descreve uma estória que revela a perspectiva da corte em relação à (já concorrente) burguesia ascendente. Na peça, o autor conta a história da filha de um rico e avarento burguês, que se apaixona a contragosto de seu pai por um rapaz, enquanto o pai deseja que ela se case com um médico, a fim de ganhar consultas gratuitas. Dessa forma o autor ridicularizava os burgueses que queriam adquirir hábitos corteses, mostrando como os médicos vão se aproveitar de sua inocência para ganhar poder. O riso assume aqui a dimensão do confronto entre a nobreza ameaçada, onde se posicionava Moliére, e a burguesia ascendente, colocando-a como expressão do ridículo.
No mesmo sentido, mas por outros caminhos, Baktin (1987) afirmará que o riso faz parte de uma visão de mundo. Em sua pesquisa ele mostra como que o riso pode representar a rebelião contra o tom sério e solene das instituições oficiais e os seus aparatos de repressão bélica e ideológica. Assim, analisa o carnaval medieval como momento em que a ordem se inverte. O Carnaval é visto como uma festa dos loucos; um momento profano em que se pode inclusive criticar o sagrado, ou pelo menos, aquilo que se impõe oficialmente como sagrado. Ele fala do quanto essas festas populares são uma critica a essa oficialidade. Em consonância com essa reflexão o professor Jorge Leite nos relembra em suas aulas que não foi a toa que durante a ditadura no Brasil, a Pornochanchada foi o gênero estético mais fértil. Enquanto o Estado a partir dos militares e dos grandes empresários dizia: o Brasil é feito por nós a pornochanchada devolvia toda uma produção que dizia implícita ou explicitamente o Brasil é feito pornôs,romantizando as pessoas que não queriam trabalhar e preferiam ficar a cortejando garotas para o sexo.
O ponto onde quero chegar é que o riso exprimido por pessoas, ou indivíduos, que estão sempre e inescapavelmente relacionados ao seu tempo, cultura, história e dilemas políticos de toda ordem e em todas as suas dimensões de poder. Se a política é a guerra empreendida por outros meios, como diria o filósofo francês Michael Foucault, qual é o lugar do riso em sua dimensão política, em uma sociedade marcada pela negação radical da humanidade daqueles que se consideram “outros”? Ao me deparar com o comentário alocado no inicio deste texto sou obrigado a questionar: quem é passível de ser ridicularizado e o que essa ridicularização tem em comum com a recusa de enxergar no “Outro” (ou pelo menos em alguns tipos de outros) um humano como “eu”.
“Ninguém ri do tombo da própria mãe”
O provérbio africano que nomeia esse capítulo é aqui retomado para introduzir o seguinte questionamento: até que ponto o inocente ato de rir de (ou fazer) uma piada racista sustenta ou expressa uma negação racializada da humanidade daqueles que são objeto do riso? Não pretendo com isso dizer que o riso é sempre repudiável e muito menos que existam temas que mereçam o status de tabu (acima da piada do bem e do mal), mas refletir como muitas vezes o humor se coloca a serviço de um conjunto de ações voltadas à negação da humanidade.
O filme Bamboozled, de Spike Lee, oferece um cenário inquietante para pensarmos essas questões: Em um mundo nada diferente do nosso, produtores televisivos discutem como alavancar a audiência de sua programação, até que um dos profissionais – não por acaso um homem negro – tem a ideia de recuperar os já socialmente repudiados personagens Black Face[4], de forma que fosse possível reconfigurar o seu teor originalmente racista e ao mesmo tempo, dialogar com o imaginário estadunidense a cerca dos estereótipos relacionados ao Negro. Entretanto, dado às pressões econômicas pela audiência, os jogos de poder a ela relacionados e os caminhos escolhidos pelos indivíduos envolvidos, vê-se o surgimento de um programa que retoma e atualiza os preconceitos raciais mais profundos naquele país, recuperando e atualizando as características essencializantes atribuídas aos negros – muito corpo e pouco cérebro – para leva-las ao limite em uma expressão caricaturadamente risível.
O nome do filme[5] se torna inteligível quando os personagens negros percebem que suas criações estéticas têm o poder de voltar-se contra eles próprios, na medida em que o riso provocado, em sua dimensão eminentemente política, não é algo que se faz com eles, mas contra eles, legitimando a sua própria negação. A pergunta que proponho lançar é a seguinte: por que diabos, o negro precisa ser considerado ridículo? Se ridículo é sempre a mãe dos “Outros”, e nunca a “nossa”, como se produz esse processo de outrificação do Negro, a ponto de os não-negros (e muitas vezes os negros socializados nessa forma de ver o mundo) não se ofenderem, ou pior, não visualizarem nenhuma ofensa nesse processo de outrificação? Ou se quisermos colocar a pergunta de outra forma, até que ponto a piada de negro não esconderia, e de certa forma legitimaria, a mesma indiferença que autoriza a rir de uma mãe sendo arrastada viva[6] por uma viatura policial em plena via pública?
Frantz Fanon, importante pensador martinicano do racismo, oferece um importante aporte para pensar essa questão. Para ele a sociedade racista nos relega ao seguinte esquema de interpretação: ser Negro é estar distante do Branco e, portanto, distante de toda concepção de humanidade. O extranhamento em relação à humanidade do Negro surge exatamente quando o Branco não o reconhece como igual, mas como Outro:
“Preto sujo!” Ou simplesmente: “Olhe, um preto!”
Cheguei ao mundo pretendendo descobrir um sentido nas coisas, minha alma cheia do desejo de estar na origem do mundo, e eis que me descubro objeto em meio a outros objetos. Enclausurado nesta objetividade esmagadora, implorei ao outro. Seu olhar libertador, percorrendo meu corpo subitamente livre de asperezas, me devolveu uma leveza que eu pensava perdida e, extraindo-me do mundo, me entregou ao mundo. Mas, no novo mundo, logo me choquei com a outra vertente, e o outro, através de gestos, atitudes, olhares, fixou-me como se fixa uma solução com um estabilizador. Fiquei furioso, exigi explicações… Não adiantou nada. Explodi. Aqui estão os farelos reunidos por um outro eu. (FANON, 2008, p.103. Grifos nossos.)
“É o Branco que cria o Negro” (FANON, 1968) na medida em que desconsidera sua humanidade, tornando-o “objeto em meio a outros objetos”, aprisionando-o naqueles referenciais fetichizados que deixou de reconhecer em si. Espera-se assim que o Negro (o Outro) seja sempre emotivo, sensual, viril, lúdico, colorido, infantil, banal; o mais próximo possível da natureza (animal) e distante da civilização. Estas imagens criadas no seio da situação colonial tinham a função de desarticular os sistemas de referência do povo colonizado para que suas “linhas de força” não atuassem contra a imposição de uma forma específica de relação de produção, útil a determinadas fases de acumulação capitalista.
No universo cômico, espera-se que o negro seja sempre um Mussum alcólotra e inocente, um Tião Macalé desdentado e risível[7], porque aqui, se há alguma valorização do “outro”, ela se faz pela mistificação fantasmagórica de seus atributos, de forma a confirmar, mesmo que pela valorização reificada a superioridade do branco. O negro só pode ser sublime na medida em que se revele o mais grotesco possível diante de uma razão, beleza e verdade brancas. De sublime na verdade só resta o prazer do riso que a sua imagem jocosa proporciona ao espectador informado pelos estereótipos que ele personifica e reforça. Se o grotesco é aquilo está confinado às grutas quaresmáticas do processo civilizador, resta ao Negro esperar o carnaval para surgir em público e lembrar ao ocidente o seu eu negado, antes que a quarta-feira de cinzas o relegue novamente às sobras da humanidade ocidental.
O Negro é suspeito nato até que prove o contrário, pois espia para dentro de grutas imaginárias aquilo que o ocidente trás de mais selvagem, sádico e desumano. É a figura que permite à sociedade carioca, algumas poucas décadas depois da ditatura, dormir sossegada com a notícia de ocupação das ruas (das favelas) por tanques de guerra militares. É a figura animalizada que reforça o quão humano, belo, bom e verdadeiro é todo aquele que se afasta deste referencial macaqueado. O Negro é o outro e, portanto, o riso do tombo de sua mãe, ou dos seus filhos não exige grandes conflitos éticos: não se trata de um ser humano como eu, mas um Outro, radicalmente oposto ao Nós, “cidadãos de bem”.
A política é a guerra feita por outros meios, e neste sentido, sou obrigado a concluir que o diretor do Zorra Total e o policial que arrastou Cláudia Silva Ferreira pelo asfalto de Madureira têm muito em comum porque ambos, embora por meios distintos anulam, cada um com sua arma, a possibilidade efetiva de nos vermos e fazermos uns nos outros como humanos. A causa-morte de Cláudia deve ser compreendida para além do asfalto que lhe consumiu a carne em frente de câmeras portáteis; deve ser compreendida para além dos tiros que interromperam violentamente o seu trajeto de casa à padaria, para ser explicada em cada Mussum, Adelaide, Tião Macalé e tantas outras representações animalizadas ou coisificadoras que autorizaram, direta ou indiretamente, um tratamento aos moradores da favela que despreze qualquer sentimento de alteridade.
Morro com Claudia em sua agonia de dor contra o asfalto cinza do Rio de Janeiro… Morro, mas de uma morte que não se inicia com o tiro perpetrado pelo policial, mas a cada piada desferida quase sempre contra a humanidade do “Outro”, seja ele(a) lá quem for.
Referências
Alberti, Verena. “O riso, as paixões e as faculdades da alma”. Textos de História. Revista da Pós-Graduação em História da Universidade de Brasília. Brasília, UnB, v.3, n.1, 1995, p.5-25.
BAKHTIN, Mikhail, A Cultura Popular na Idade Média e no Renascimento, São Paulo, Hucitec/ UNB, 1987
BERGSON, Henri. O riso: ensaio sobre a significação do cômico. São Paulo: Martins Fontes, 2004.
ELIAS, N. O processo civilizador: Formação do Estado e Civilização. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1993, v. II.
FANON. F. Pele negra, máscaras brancas. Rio de Janeiro: Editora Fator, 1983.
_______. Sociologia dúne révolution. «L’an V de la Revólution algerienne ». François Maspero. París. 1968 (petite collection maspero)
MINOIS, Georges, O riso sensato do bobo da corte in História do riso e do escárnio, São Paulo, Unesp, 2003
Molière. Jean-Baptiste Pocquelin Le Malade maginaire. Paris: Bordas. 2003.
Filmes utilizados:
Bamboozled. Diretor: Spike Lee. Roteiro: Spike Lee Ano: 2000. Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=VnCkHKlwFnA. Acesso em 23 de fevereiro de 2014.
O riso dos outros. Diretor: Pedro Arantez. Ano 200. Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=uVyKY_qgd54. Acesso em 20 de fevereiro de 2014.
[1] Grupo KILOMBAGEM.
[2] Comentários escritos por um leitor do jornal G1.Globo a respeito das imagens de auxiliar de limpeza Cláudia Silva Ferreira sendo arrastada pelo asfalto por uma viatura policial no Rio de Janeiro. http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2014/03/arrastada-por-carro-da-pm-do-rio-foi-morta-por-tiro-diz-atestado.html. Acesso em 17 de março de 2013.
[3] Anuncio de destaque na página PIADA DE PRETO, de um site de piadas “temáticas” escolhidas por tópicos: http://selecaodepiadas.webnode.com.br/piadas-de-pretos/.
[4] A Black Face é uma performance teatral estadunidense que se apropriava dos estereótipos racistas para representar os negros. Ver nesse sentido: http://en.wikipedia.org/wiki/Blackface.
[5] A palavra bamboozled pode ser traduzida como: “AHH! PEGADINHA DO MALANDRO!!!!”,
[6] O caso em questão gerou muita polêmica e em resposta, foi divulgado um atestado de óbito aferindo os tiros anteriormente recebidos como verdadeira causa da morte de Claudia. O laudo no entanto, não comenta, e nem poderia ser diferente diante da repercussão negativa que o caso assumiu, se o fato de a mulher ter sido arrastada antecipou sua morte por ferimento a bala ou se ela já estava morta no momento em que o seu corpo rola dentro do porta-malas da viatura em movimento em direção ao asfalto. Por um caminho ou por outro, “a trapalhada” policial não resultou apenas na interrupção de uma vida, mas na anulação de sua dignidade.
[7] Referencia a dois personagens bastantes presentes no imaginário social brasileiro: o primeiro interpretado pelo ator de Antônio Carlos Bernardes Gomes (1941-1994) representa o Musum, uma das personagens do programa Os Trapalhões, veiculado pela Rede Globo. E o segundo, o Tião Macalé, interpretado pelo ator Augusto Temístocles da Silva Costa (1926-1993).
[1] Texto apresentado como trabalho de conclusão de curso para a disciplina Sociologia do Riso, com o Prof. Dr. Jorge Leite – UFSCAR 2014